Unicamp decide não anular questão de português da 1ª fase
Nesta terça-feira (9), a Comvest (Comissão Permanente para os Vestibulares da Unicamp) divulgou o gabarito oficial da primeira fase do vestibular 2023, aplicada no último domingo (6). Durante a correção extraoficial da prova, professores de cursos pré-vestibular haviam indicado que uma questão de Língua Portuguesa era passível de ser anulada, pois apresentava mais de uma resposta correta. No gabarito oficial, entretanto, a questão foi mantida.
Trata-se da pergunta 3 nos cadernos Q, Z, S e X. Nos cadernos R e Y a questão corresponde a 55, e nos cadernos T e W é a 19.
Procurada pelo GUIA DO ESTUDANTE, a assessoria da Comvest confirmou que a questão não será anulada. A banca examinadora da comissão foi consultada e chegou à conclusão de que a pergunta apresentava apenas uma alternativa correta, a letra D.
A questão polêmica pedia que a partir da leitura de um trecho do texto “Quebrando o silêncio dos hospícios”, publicado pela revista de literatura Quatro Cinco Um, o candidato relacionasse o título e o corpo do excerto e assinalasse a alternativa que indicasse o que representa a quebra do “silêncio dos hospícios”.
O que disseram os professores
Na interpretação de Eduardo Calbucci, professor de português do Anglo, a questão questionava o porquê foi dado este título à reportagem, ou seja, o que era responsável por essa quebra do silêncio dos hospícios. Segundo o professor, o problema é que existia uma progressão no texto, fazendo com que ficasse difícil definir qual era exatamente o motivo da quebra.
Segundo Calbucci, toda a situação começou por meio das oficinas de arte para pacientes psiquiátricos, que permitiram que Stella do Patrocínio pudesse se manifestar por meio das conversas com a artista plástica Carla Guagliardi. No entanto, isso se concretizou também depois que as falas gravadas deram origem ao livro. “A pergunta é: o que quebra esse silêncio? As oficinas, as falas gravadas ou o livro? Talvez todos eles. Mas pelas alternativas não dá para hierarquizar a importância de cada uma dessas coisas, por isso, fica muito difícil optar entre as alternativas B, C e D”, explicou.
O Anglo, portanto, considerou a questão sem resposta e defendeu a sua anulação. “Quando um grupo de professores sem limite de tempo, com acesso aos materiais de consulta e coletivamente não consegue responder uma questão, é mau sinal”, disse Calbucci.