É o que estamos olhando, em vez de quanto tempo estamos gastando nosso tempo online, que influencia nossa saúde e bem-estar, de acordo com um novo e importante relatório.
O estudo, publicado na revista World Psychiatry, é um exame abrangente das evidências científicas mais recentes sobre tempo de tela e saúde mental, realizado por uma equipe de pesquisa internacional.
O relatório aborda uma série de impactos que o aumento da presença online tem no bem-estar, abordando questões como o “medo de perder”, como os comportamentos e pontos de vista são manipulados através das redes sociais, o isolamento, as comparações sociais e os efeitos no corpo, como o aumento do comportamento sedentário.
O coautor Lee Smith, professor de saúde pública da Universidade Anglia Ruskin (ARU), disse: “Pegue dois cenários: no primeiro, um jovem está acumulando um total de quatro horas por dia on-line, envolvendo-se constantemente com notificações de distração sempre que aparecem na tela e, em seguida, rolando fluxos intermináveis de mídia de formato curto que podem ser algoritmicamente voltados para seus vícios ou inseguranças. Isso pode resultar em redução da concentração em tarefas importantes, ou causar problemas de imagem corporal ou baixa autoestima.
“No segundo cenário, há um idoso passando exatamente as mesmas quatro horas por dia online, mas usando esse tempo para fomentar novas relações sociais e acessar conteúdos educacionais, proporcionando benefícios para seu bem-estar e até mesmo para o funcionamento cerebral. Aqui, podemos ver resultados muito diferentes surgirem da mesma quantidade de tempo gasto online.”
Esta evidência emergente de como o mundo em linha pode influenciar o nosso funcionamento social e a saúde do cérebro pode ser usada para começar a desenvolver orientações e estratégias mais concretas para ajudar as pessoas a maximizar os benefícios e minimizar os riscos das suas próprias “vidas em linha” individuais.
“Embora haja bom senso em reduzir nosso uso de dispositivos digitais para garantir tempo para atividades saudáveis do ‘mundo real’, agora somos capazes de descrever como as consequências do uso de nossos dispositivos digitais são determinadas por coisas muito além do tempo gasto online.”
O professor Smith acrescentou: “Ao reunir as evidências mais recentes de neurociência, saúde populacional e estudos psicológicos, este relatório é capaz de descrever como os efeitos positivos ou negativos do uso da internet para um indivíduo podem ser influenciados por coisas simples, como idade e status sociodemográfico, juntamente com fatores complexos em torno da natureza real das ‘vidas online’ dos indivíduos”.