Objeto bizarro mais quente que o Sol orbita estrela distante e desafia a ciência

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Um objeto espacial estranho e superquente vem quebrando recordes e desafiando a compreensão dos astrônomos sobre o que distingue estrelas e planetas.

Chamado WD0032-317B, o corpo celeste em questão é uma anã marrom – um tipo de “protoestrela” gasosa e brilhante. Geralmente, anãs marrons têm uma composição atmosférica semelhante à de Júpiter, sendo de 13 a 80 vezes maiores.

Nessa massa, esses objetos começam a fundir isótopos de hidrogênio em seus núcleos. Em contrapartida, eles não são suficientemente massivos para desencadear o tipo de fusão estelar autossustentável que alimenta estrelas como o nosso Sol.

As anãs marrons costumam queimar a cerca de 2.200ºC – o que é bastante frio em comparação com a maioria das estrelas, cujas temperaturas de superfície atingem cerca de 3.700ºC.

No entanto, WD0032-317B, que está a 1.400 anos-luz da Terra, não é como a maioria das anãs marrons.

Estrela hospedeira está devorando esse estranho objeto em sua órbita

Em um artigo disponibilizado no servidor de pré-impressão arXiv e aceito para publicação pela revista Nature Astronomy, os pesquisadores descrevem que a temperatura da superfície do objeto gira em torno de impressionantes 7.700ºC (a título de comparação, a temperatura da superfície do Sol é de cerca de 5.500ºC).

Tanto calor é o suficiente para que as moléculas na atmosfera de WD0032-317B se desfaçam em seus átomos componentes – algo impensável para uma anã marrom.

Então, os cientistas descobriram que esse objeto recebeu uma “ajuda” da estrela que orbita. Como está extremamente perto de sua hospedeira, uma anã branca ultraquente (tanto que seu ano dura apenas 2,3 horas), WD0032-317B está preso às marés. Dessa forma, um lado dele sempre está voltado para sua estrela.

Por causa disso, o estranho corpo só é superaquecido de um lado; mesmo que sua temperatura do “lado diurno” atinja 7.700ºC, seu “lado noturno” é comparativamente ameno, permanecendo entre 1.000 e 2.700ºC.

Conforme destaca o site Science Alert, esse é o diferencial de temperatura mais extremo já medido em um objeto subestelar. Mas, de acordo com os autores, essas condições não devem durar muito tempo – à medida que suas moléculas continuam a se desfazer, a anã marrom está sendo evaporada pela estrela hospedeira.

Pesquisas com objetos como esse podem ajudar os cientistas a entender como estrelas quentes consomem lentamente suas companheiras. Essas investigações também podem aumentar a compreensão sobre as condições que as estrelas precisam para se inflamar.

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