4 obras de arte que podem cair nos vestibulares deste ano
Artes é um dos tópicos da prova de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias do Enem e também aparece na maioria dos grandes vestibulares. As provas cobram a leitura de obras de arte e a compreensão dos movimentos artísticos e suas características. Por isso, estar familiarizado com pinturas emblemáticas e seus contextos pode facilitar na hora de responder questões sobre o tema.
A pedido do GUIA DO ESTUDANTE, Emilio Rocha, autor do material de Arte do Sistema de Ensino pH, e Maurício Soares, professor de Português do Curso Anglo, indicaram quatro obras que, diante de sua importância artística e histórica, têm grandes chances de aparecer nos vestibulares deste ano.
Guernica, de Pablo Picasso
Pablo Picasso pintou este quadro como forma de contestação ao bombardeio da cidade de Guernica em 1937 pelos nazistas durante a Guerra Civil Espanhola. A obra, que já foi cobrada no Enem mais de uma vez, faz parte do Cubismo, mas também apresenta características expressionistas.
No quadro, é possível ver os horrores da guerra, representados por um prédio em chamas ou uma mãe segurando uma criança morta, por exemplo. Emilio Rocha, do Sistema pH, diz que o quadro pode aparecer no exame para fazer uma relação com guerras que ocorrem no mundo hoje.
“Além de ter uma questão técnica importante, já que traz inovação para a arte, esta obra é engajada e direciona para questões sociais e políticas, pelo fato de ter uma relação muito forte com um conflito”, explica o professor.
O Grito, de Edvard Munch
O Grito, de Munch, é considerado um dos precursores da expressão na arte. O quadro teve grande influência, inclusive, no surgimento do expressionismo – movimento que surge na Alemanha para valorizar as questões subjetivas.
“A realidade não basta para o artista expressar os sentimentos, então ele a distorce para intensificar a sua expressão emocional. É isso que vemos nesse quadro: o céu vermelho alaranjado, um humano muito distorcido, mostrando um distanciamento da realidade”, analisa Emilio.
A distorção da imagem, as pinceladas fortes, as cores: tudo isso colabora para criar a atmosfera de desolação e desespero pretendida por Munch.
O próprio pintor chegou a afirmar: “assim como Leonardo da Vinci estudou a anatomia humana e dissecou cadáveres, eu procuro dissecar a alma humana”.
Independência ou Morte, de Pedro Américo
Independente ou Morte, de Pedro Américo, é a maior aposta para marcar presença nas provas, em função de uma efeméride importante deste ano: o Bicentenário da Independência do Brasil.
A pintura foi encomendado por Dom Pedro II como uma espécie de homenagem ao seu pai. No entanto, o presente chegou bem atrasado, em 1888, um ano antes da Proclamação da República. O quadro acabou ficando esquecido. Só mais tarde, foi revitalizado e apresentado no Museu Paulista, que hoje é o museu do Ipiranga, reinaugurado neste ano.
Maurício, do Anglo, diz que uma abordagem possível nas provas sobre esta obra é tratar da diferença entre o momento histórico e a sua representação estética. “A pintura é um registro histórico de alguém que não viveu essa história, portanto, não é fiel ao momento da Independência”, diz o professor, que aponta vários desvios da obra quando comparada com a historiografia.
“A expedição de Dom Pedro viajava nos lombos de mulas, não em cavalos. O imperador, que diferente do quadro não estava vestindo farda neste dia, estava com problemas intestinais, e precisou parar várias vezes no caminho por estar passando mal”, conta Maurício.
Ao estudante, cabe saber analisar o porquê dessas alterações e qual foi a função política do quadro na época.
A Redenção de Cam, de Modesto Brocos
Um clássico dos vestibulares, a pintura trata da miscigenação e do racismo. Maurício explica que a senhora negra, que está erguendo as mãos para o céu em agradecimento, é a mãe da mulher que está sentada ao lado dela, carregando o filho no colo. A criança é fruto da relação dela com o imigrante italiano, também presente na imagem.
“É muito interessante reparar que a mulher sentada e o imigrante usam sapato, enquanto a senhora está descalça. Isso pode simbolizar uma suporta ascensão social daqueles que deixaram de ser escravos e se tornaram livres”, analisa o professor.
Modesto Brocos, pintor argentino que estava no Brasil, quis discutir, segundo Maurício, a identidade brasileira e o projeto de embranquecimento da população. “Veja que a mulher negra está glorificando o fato da criança ter nascido com a pele mais clara em relação a avó”, diz.