Três livros disponíveis gratuitamente para conhecer Graciliano Ramos
Graciliano Ramos é considerado uma figura marcante na literatura brasileira e um dos principais autores da segunda fase do Modernismo brasileiro. Se estivesse vivo, o escritor e jornalista considerado o mais importante prosador da Geração de 30 completaria 130 anos em 2022.
Sua obra mais emblemática – e que vez ou outra figura na lista de livros obrigatórios de grandes vestibulares – é “Vidas Secas”, que foi publicada em 1938. Ela retrata a vida de uma família de retirantes, que transita pelo sertão com uma cadela e um papagaio de estimação. O romance explora a figura do sertanejo, abordando temas como a miséria e a seca do Nordeste.
Romancista e contista de narrativa simples e direta, Graciliano destacava-se pela habilidade em abordar a interioridade humana e as reações psicológicas com o meio que se impõe.
Confira abaixo três livros emblemáticos da literatura brasileira escritos por Graciliano Ramos. Todos eles estão disponíveis gratuitamente na BibliON, a biblioteca gratuita do estado de São Paulo.
Vidas secas
Este é um dos maiores clássicos da literatura brasileira. Lançado originalmente em 1938, Vidas secas acompanha a trajetória da família de Fabiano, Sinha Vitória, os dois filhos do casal e a cadela Baleia que vagam pelo sertão em busca de oportunidades. É o romance em que Graciliano alcança o máximo da expressão que vinha buscando em sua prosa: o que impulsiona os personagens é a seca, áspera e cruel, e paradoxalmente a ligação afetiva entre aqueles seres em retirada, à procura de meios de sobrevivência e um futuro.
Viventes das Alagoas
Lançado postumamente, a obra é uma reunião de textos que misturam crônica, ensaio e ficção. O livro integra o projeto de reedição de toda a obra de Graciliano Ramos, supervisionado por Wander Melo Miranda, professor titular de Teoria da Literatura da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).
O livro traz ainda em suas páginas finais relatórios feitos por Graciliano quando foi prefeito de Palmeira dos índios (AL). A linguagem burocrática e formal, característica desses documentos, é substituída por notas irônicas e sarcásticas, além de rasgos literários que simbolizam o ingresso de Graciliano na literatura.
Linhas tortas
Publicado pela primeira vez em 1962, “Linhas tortas” reúne crônicas de Graciliano que já haviam sido publicadas em jornais entre 1915 e 1921 – muitas delas sob pseudônimos. É este livro que guarda uma das mais famosas crônicas sobre futebol, escrita por Graciliano para o jornal “O Índio”.
Confira trecho de uma entrevista do autor, também registrada em “Linhas tortas”:
“Deve-se escrever da mesma maneira com as lavanderias lá de Alagoas fazem em seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma duas vezes. Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar. Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como falso; a palavra foi feita para dizer”.