Imagine o seguinte cenário: o professor pede como lição de casa uma redação ou então a resolução de algumas questões de história, e os alunos resolvem pedir uma forcinha para o ChatGPT na hora de executar a tarefa. Pode ou não pode? Na opinião dos estudantes brasileiros, a ajuda está liberada! É isso que indica um estudo divulgado nesta quinta-feira (24) na revista Scientific Reports. Pesquisadores da New York University Abu Dhabi ouviram estudantes e professores de cinco países, incluindo o Brasil, para investigar o que pensam sobre a validade do uso da ferramenta, se é ético ou não valer-se dela para tarefas de casa e o quanto ela deve impactar o mercado de trabalho.
Ao contrário dos indianos e americanos, que defenderam inclusive a proibição do uso, os alunos brasileiros entrevistados não consideram antiético utilizar o ChatGPT para fazer os trabalhos em casa – e mais: 94% deles já adiantaram que seguirão fazendo isso no próximo semestre. Apesar de os estudantes indianos se posicionarem contra a ferramenta quando a questão é a ética, o estudo mostrou que eles, junto com os brasileiros, são os mais propensos a usarem o robô. Japão e Estados Unidos são os menos.
Quem tem medo do ChatGPT?
De alguma maneira, todo mundo tem. Mas quem mais compra o temor de que o ChatGPT pode tomar empregos no futuro são os indianos. Além disso, professores e alunos ouvidos na pesquisa também acham que a ferramenta vai aumentar a competitividade para aqueles que não são nativos de países que falam inglês – mas, neste aspecto, os outros quatro países entrevistados também concordam.
Questão de desigualdade
O que leva um estudante a utilizar o ChatGPT nas tarefas escolares? O estudo tenta indicar algumas possibilidades. Para começo de conversa, nem todo mundo que ouviu falar da ferramenta automaticamente fica mais propenso a utilizá-la. Mas depois que a experimenta, a probabilidade de o estudante voltar a recorrer a ela mais tarde aumentam.
O achado mais curioso dos pesquisadores, no entanto, é outro: o uso do ChatGPT também é uma questão social. Os estudantes mais pobres e da classe trabalhadora têm chances muito maiores de utilizar a inteligência artificial para executar os trabalhos escolares do que aqueles de classe alta.