Antes de qualquer coisa, vamos relembrar o que é a quinta competência da redação do Enem, nas palavras do MEC (Ministério da Educação):
COMPETÊNCIA 5
Apresentar uma proposta de intervenção para o problema abordado que respeite os direitos humanos. Propor uma intervenção para o problema apresentado pelo tema significa sugerir uma iniciativa que busque, mesmo que minimamente, enfrentá-lo. A elaboração de uma proposta de intervenção na prova de redação do Enem representa uma ocasião para que o candidato demonstre o preparo para o exercício da cidadania, para atuar na realidade em consonância com os direitos humanos.
Pode até parecer simples, considerando que outras competências exigem do candidato domínio da norma culta, recursos de coesão e até repertório sociocultural. Mas vamos combinar: elaborar uma solução para problemas como os que aparecem no Enem – que vão de violência contra mulher até democratização do acesso ao cinema – está longe de ser tarefa fácil.
Neste texto, mais do que ensinar o que escrever na proposta de intervenção, vamos falar sobre o que você definitivamente não pode fazer nesta etapa do texto. Conheça os erros mais comuns cometidos pelos estudantes nesta competência:
1. Ação nula
Vamos usar três trechos de proposta de intervenção em que os candidatos estavam explicitando a ação que deveria ser tomada para resolver o problema.
Tente, neste primeiro momento, entender o que há de errado com eles:
“Infere-se, portanto, que estes obstáculos devem ser superados de imediato, para que o mundo virtual seja um acesso melhor (…).”
“Portanto, medidas são necessárias para atenuar a problemática.”
“Portanto, é necessário que o poder público tome uma medida, uma vez que este mecanismo detentor do controle de dados de usuários pode representar um alto risco à segurança de uma parcela da população.”
Ainda não ficou muito evidente? Bom, não se tratam de ações concretas!
No fundo, este candidato não sabe exatamente o que deveria ser feito para lidar com o problema.
A ação precisa ser explicitada.
2. Agente nulo
Além da ação, o agente (quem vai solucionar o problema) também precisa ficar claro, senão ele é considerado nulo.
Veja como os agentes, abaixo, são indefinidos:
“Desse modo, alguém precisa fiscalizar rigidamente as redes sociais, a fim de diminuir essa manipulação comportamental, dando mais livre escolha ao usuário.”
“Tenha pelo menos, um pouco mais de cuidado com a internet, pois ela é um perigo, muito grande, tanto para adultos, quanto para crianças”.
“É necessário criar leis mais rígidas”.
Observou como não se sabe exatamente quem deverá cuidar das intervenções nas frases acima?
Veja: não há problema se você não sabe o nome exato do órgão que deve cuidar da ação, mas é sempre necessário definir o agente da forma mais específica possível.
Por exemplo, você pode usar “o governo”, “os órgãos competentes”, “o Estado”, “a escola”, “as pessoas”, “nós”, e daí em diante.
3. Desrespeito aos direitos humanos
Você acha que a esta altura é impossível que um candidato ainda desrespeite os direitos humanos na proposta de intervenção?
Então veja abaixo um parágrafo de uma redação, de candidato ao Enem:
Neste caso, o desrespeito aos direitos humanos ocorre quando o candidato sugere a tortura como solução. Desrespeito a direitos humanos resulta em nota zero na competência 5.
4. Ausência de elemento válido
Se faltar um ou mais elementos na proposta de intervenção do Enem, será impossível obter a nota máxima na competência 5.
Os elementos obrigatórios na proposta são:
Ação;
Agente;
Modo/meio;
Finalidade;
Detalhamento.
Para entender melhor, veja esta proposta de intervenção:
“É preciso analisar qual o limite que a internet pode alcançar quanto à privacidade do usuário e sua liberdade e escolha.”
Nela só encontramos o que será feito, ou seja, a ação. A pontuação desse candidato na competência 5 seria apenas 40.
Já esta outra proposta tem apenas 2 elementos válidos, confira:
“É preciso fiscalizar rigorosamente as redes sociais e aplicativos sobre informações que podem ser disponibilizadas, para garantir uma melhor segurança e liberdade aos usuários.”
Neste caso, há somente a ação e o efeito pretendido. É um candidato que conseguiria no máximo 80 pontos na competência 5.
5. Proposta de intervenção incoerente com o desenvolvimento
Às vezes acontece de o candidato escrever uma proposta de intervenção que não contempla todos os problemas levantados por ele no texto.
Vamos a um exemplo que deixa isso mais claro.
Imagine que uma redação fale sobre a questão do “tráfico de drogas no Brasil”.
Um candidato decide levantar dois problemas no desenvolvimento:
O problema da violência gerada pela disputa de pontos de venda de drogas.
Os problemas que levam os jovens a se envolverem com drogas e alimentam o tráfico.
Obrigatoriamente ele precisa incluir proposta de intervenção que contemple todos os problemas levantados.
Se esse candidato propuser a intervenção abaixo, não conseguirá a nota máxima na competência 5:
“É preciso que o Ministério da Educação organize eventos nas escolas, que alertem os jovens para todos os riscos que o uso de drogas acarreta. Isso será feito por meio de palestras com ex-usuários de drogas e com médicos. O intuito desses eventos será evitar que mais jovens entrem nesse mundo perigoso, de maneira que aos poucos o número de traficantes se reduza.”
Como você vê, o candidato ignorou um problema que ele mesmo destacou: o de segurança pública.
Na hora de escrever sua proposta de intervenção, portanto, dê uma olhada nos problemas que você destacou no desenvolvimento, e crie propostas de intervenção para todos eles.