Quanto mais o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) se aproxima, mais estratégico o estudo dos candidatos precisa se tornar. O tempo vai ficando escasso, o estresse aumenta e alterar o foco para o que realmente merece atenção nessa reta final pode fazer toda a diferença. Mas como definir ou direcionar esse foco? Já ouviu falar que algumas matérias podem aumentar mais a nota no Enem? É verdade ou mito que Matemática vale mais que as outras disciplinas?
Conversamos com Sandro Valentini Jr., coordenador do Poliedro Curso Campinas, para buscar essas respostas. Para começar, é importante entender como funcionam os pesos no exame.
Os pesos não são por disciplina, mas por prova
O Enem é composto por cinco provas: Redação, Linguagens e Códigos, Ciências Humanas, Ciências da Natureza e Matemática. Nesse caso, quando se fala em pesos, a referência é o conjunto de questões que compõem essas provas. A prova de Ciências da Natureza, por exemplo, inclui as disciplinas de Química, Física e Biologia, mas os pesos não se baseiam nessas disciplinas em específico, e sim na prova como um todo.
Os pesos são definidos por cada instituição que participa do Sisu, de acordo com o curso
Quando você acessar o seu resultado do Enem, no início do próximo ano, não vai encontrar lá a indicação de peso. Isso porque quem define os pesos com base nas notas do exame é o Sisu, o programa que seleciona para as universidades públicas. E aqui vale dizer que não existe uma regra geral que se aplica para todas as instituições e cursos.
A UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), por exemplo, atribui exatamente o mesmo peso para todas as provas do Enem, independentemente do curso. Já a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) define pesos diferentes de acordo com o curso escolhido. Para quem concorre em Medicina, por exemplo, as provas de Redação e Ciências da Natureza possuem peso 4, Linguagens e Matemática, 2, e Ciências Humanas, 1.
Não há regra, mas é possível observar alguns padrões. É comum, nas instituições que adotam pesos diferentes, que a prova de Ciências da Natureza tenha uma relevância maior no curso de Medicina.
De qualquer forma, o mais recomendado é que os estudantes que já sabem para qual curso e universidade pretendem aplicar a nota do Enem consultem os editais e termos de adesão ao Sisu. Lá, estará indicado qual peso cada prova do exame tem na seleção e, portanto, quais disciplinas são mais relevantes na nota final.
Então, o que priorizar na hora dos estudos?
A recomendação do coordenador do Poliedro, nessa reta final, é priorizar justamente as matérias com o maior peso na carreira e instituição escolhidas. Para quem presta o vestibular de Medicina, por exemplo, a dica é estudar com mais ênfase as disciplinas que são prioritárias – no caso, Biologia, Química e Física.
O mesmo vale para outras carreiras: verifique as provas de maior peso e coloque seu foco nelas! A forma como o candidato vai se dividir entre as disciplinas abarcadas nas provas mais importantes pode variar e depende da estratégia de cada um. Sandro afirma, por exemplo, que um caminho é fortalecer ainda mais os conhecimentos naquela matéria que tem facilidade, fazendo exercícios e retomando a teoria, mas também dedicando algum tempo para aquelas em que o candidato apresenta mais lacunas.
Mas e quando o candidato vai aplicar para uma universidade que não adota pesos diferentes, onde focar? A Matemática e a redação podem ser um caminho.
Matemática vale mais na nota do Enem?
A prova de Matemática no Enem chama a atenção pela quantidade de exercícios – são 45 questões só para essa disciplina! É diferente, por exemplo, do que ocorre com História, Geografia, Sociologia e Filosofia, que estão agrupadas em uma única prova e dividem este mesmo número de perguntas entre si.
Essa é uma informação importante para quem pretende concorrer às universidades que não atribuem pesos diferentes de acordo com os cursos, como o caso já mencionado da UFMG. Neste cenário, as provas compostas por uma única disciplina devem ter uma relevância maior na hora dos estudos. Isso porque, na prática, Matemática, que traz 45 questões, vale três vezes a nota de Física, Química e Biologia – já que estas três disciplinas estão agrupadas em uma única prova do Enem com 45 questões.
Além disso, quando um candidato está estudando para Matemática, especialmente com foco nos conteúdos básicos como as operações, indiretamente ele também se prepara para outras disciplinas que exigem cálculo, como Física e Química,
Ainda não está convencido de que vale dar uma atenção especial para os números? O professor do Poliedro tem mais um argumento: “é importante considerar, ainda, que cursos de alta demanda, como Medicina, costumam ter candidatos com alto desempenho nas disciplinas prioritárias, com isso, alcançar um bom desempenho em Matemática é uma forma de se destacar em relação aos demais candidatos.”
Por isso, independentemente do curso pretendido, a orientação é dedicar tempo de estudo para a Matemática. E o estudo, quando direcionado para o Enem, precisa ser colocado em prática com pensamento estratégico: conhecer ferramentas para resolução de exercícios e cálculos de forma a otimizar o tempo de prova.
O impacto da redação
A redação é fundamental em qualquer vestibular. No caso do Enem, é importante relembrar que a redação é considerada uma prova sozinha, como ocorre em Matemática, e vale até 1000 pontos. Ou seja, é muito importante que a pessoa se dedique no estudo e no treino de escrita.
Para o especialista, o bom cronograma é aquele que prevê a realização de ao menos um texto novo por semana. Mas, vale ressaltar que o estudo da redação não se limita à produção textual. Confira algumas tarefas que não podem ficar de fora da sua rotina:
É importante que o texto seja corrigido e que a correção seja estudada pelo estudante;
Conhecer a grade de correção do Enem, quais os critérios avaliados e qual a pontuação utilizada, os porquês de cada pontuação e a aplicação dos critérios em um texto são estratégias essenciais que completam o trabalho de escrita;
A reescrita do texto, após correção, é um exercício muito valioso que permite à pessoa estudar a correção e treinar as competências que precisam de melhoria;
Para além da escrita inédita, da correção e da reescrita, é importante construir o repertório que permita argumentar de forma crítica sobre os possíveis temas. Ou seja, é fundamental valorizar os momentos de aquisição de conhecimento, seja por meio de leitura ou ouvindo podcasts, por exemplo.