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Uma das coisas que ficaram mais claras durante minha caminhada essencialista é que o essencial pra mim não é exatamente essencial para o outro e também, que o essencial muda com o tempo.
É muito comum nos apegarmos ao nosso jeito de ser e agir como se só houvesse uma atitude correta. Acontece que a diferença que existe entre nós, pode simplesmente reforçar a nossa motivação para sermos autênticos e descobrir o que é importante.
Nessa última lunação de libra me questionei muito sobre as minhas habilidades e competências e também sobre as habilidades e competências de quem me cerca, o outro ao meu redor. Como boa aquariana com lua em libra, enxergar a experiência do outro me ajuda a reforçar a minha própria originalidade. É lindo ver como cada um pode expressar o seu essencial!
As pessoas escolhem caminhos que as tem. Trilhar caminhos às cegas traz uma grande probabilidade de frustração.
Por isso, quando não combina com quem a gente é, simplesmente não é essencial. Para mim, hoje, essa compreensão vale para objetos, relações e experiências. Se uma circunstância não é válida pelo que ela é hoje, no mínimo, ela está no tempo ou na época errada.
MUDAR DE IDEIA É ESSENCIAL
Por vários motivos, as pessoas permanecem “só mais um pouquinho” com alguma coisa ou em alguma situação. Um relacionamento tóxico, um trabalho desgastante, uma dieta ruim, um vício.
Sou o tipo de pessoa que não gosta de largar coisas pela metade. Mas tenho aprendido a fazê-lo, quando é necessário. Não insisto mais em relacionamentos sem reciprocidade, largo livros pela metade, largo redes sociais.
Muto. Silencio. Pauso. Dou um tempo. Mudo.
Mudanças dizem adeus.
Despedidas são profundamente dolorosas, mas, na maioria das vezes, são o caminho para novas oportunidades que nos fazem crescer.
Infelizmente, na maior parte das vezes, mudar de ideia não é tão simples como chamar o garçom e pedir para trocar a macarronada por uma lasanha. Há mudanças que movimentam muito mais águas ao redor de nós.
Pode ser mudar de emprego, de cidade, de relacionamento. Pode ser parar de comer carne, de beber.
Pode ser escolher uma vida mais leve e menos densa, na qual você possa priorizar apenas aquilo que é ESSENCIAL. E isso provavelmente significará também deixar de fazer algumas coisas que perderam o sentido para você.
Somos herdeiros de uma cultura acumuladora do “quanto mais, melhor”. Vivemos em um sistema capitalista. E mais: não conseguimos nos desapegar das coisas, das circunstâncias ou das pessoas com tranquilidade. Tenho certeza de que, em algum momento da sua vida, você já ouviu ou mesmo falou: “mas eu posso precisar disso mais pra frente”.
Tenho notado depois da separação um comportamento chamado “Orbiting”. É quando as pessoas, depois de algumas ficadas, simplesmente somem da sua vida, mas continuam orbitando suas redes. Tem um post bem legal do psicólogo João Marques sobre isso. Orbitar significa ficar olhando o whatsapp, os stories, curtindo fotos, mandando umas reações vez ou outra, como se pra dizer “posso precisar de você mais a frente, por isso tô marcando aqui território”. Ah, esses tempos líquidos onde o excesso predomina…
Os excessos, quaisquer que sejam eles, acabam por nos distanciar da nossa essência e, consequentemente, daquilo que dá sentido à nossa vida. Tiramos coisas, compromissos e expectativas da vida, porque simplesmente, NÃO FAZEM MAIS FALTA.
Encontrar o essencial é o que nos faz ter coragem de nos desligarmos daquilo que não contribui para o nosso crescimento.
A gente vive numa sociedade onde o cansaço predomina. O discurso do “você pode!” transformou as vozes em nossas mentes em “você deve!”. A caminhada essencialista nos apresenta a sensação libertadora do “eu posso, mas não quero, escolhi isso aqui”.
Não quero e nem posso fazer tudo. Hoje, em Novembro de 2021, o essencial pra mim é:
Estar em um local seguro, silencioso, confortável.
Dormir bem.
Comer bem.
Movimentar o meu corpo com frequência.
Estar, cuidar e aproveitar a minha família.
Estar, cuidar e aproveitar as amizades.
Ter tranquilidade financeira.
Liberdade de tempo.
Descansar, brincar, fazer nada.
Estar em contato com a natureza.
Ouvir música.
Viajar (em mim e pelo mundo).
Realizar um bom trabalho que contribua para a construção de comunidades harmônicas.
Não dá ver todas as séries do momento, ler todos os livros, encontrar um encontrar um milhão de amigos, arrasar nos looks, escrever um livro, dominar o marketing digital, fazer reels toda semana, postar os bastidores nos stories e os avanços no Linkedin. Nunca deu, na real.
A expectativa de que, um belo dia, você vai acordar, e se ver com tudo rodando bem, com o sucesso dos milhões, e a partir daí, só ter dias maravilhosos não é real.
Nossa vida muda o tempo todo. Adaptabilidade é nosso maior recurso. Entender as nossas mudanças e os motivos que passamos por elas, nos ajuda a criar mais confiança e coragem para continuar contando nossas histórias, trilhando nossos caminhos.
Veio Raul cantando aqui no ouvido agora: “eu prefiro seeeeeeeer essa metamorfose ambulante. Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo…”
DO QUE A GENTE PRECISA
A avalanche de informações que recebemos diariamente parece definir o nosso tempo. É quase impossível não ser sugado pela loucura de alertas no celular, e-mails, anúncios, cursos on-line, mensagens, notícias e aquele outro monte de coisas que a gente PRECISA saber e fazer.
Mas…. será que precisa mesmo?
Só de enumerar tudo isso, vai me dando uma canseira danada e lembro algumas coisas que aprendi com o ioga. Ao fazer um alongamento muito intenso em uma direção, é preciso “compensar” a musculatura na direção oposta. O corpo pede isso. E agradece.
É a mesma coisa que sentimos quando passamos muito tempo sentados e levantamos alongando a lombar, por exemplo.
Se preenchemos nossa mente com a avalanche que falei no começo, precisamos aprender a fazer o processo inverso também: esvaziar-nos de tudo que não nos pertence, não nos conecta e faz parte apenas do impacto tremendo do mundo externo em nós.
Claro, é um pouco mais complicado que alongar a lombar. Para fazer isso, é preciso estar disposto a experimentar a dor e a delícia de descobrir um pouco mais sobre quem somos e o que somos capazes de ser em cada experiência nova.
Somente sabendo quem somos, podemos descartar aquilo que não nos pertence. É nesse caminho que percebemos que não conseguiremos ser quem não somos e que a autenticidade é algo poderoso.
O desafio é que seguimos mudando! Autoconhecimento e ação é sempre parte de nossa caminhada.
Descobrir-se é aprender a superar o desconforto de encontrar aspectos em nós mesmos que, inicialmente, não gostamos e, nesse bolo, as potencialidades que vão nos aproximar da nossa essência.
Como fazer isso e ter certeza de que está no caminho certo? Quais características são, de fato, suas?
A verdade é que, talvez, não haja uma filosofia de vida capaz de trazer o nível de segurança que tanto gostaríamos de ter ao dar nossos passos rumo à nossa essência.
A escolha por mergulhar em si mesmo ou não sempre vai existir. Assim como o risco de erro ou frustração. Mas, entre as curvas e os tropeços, vamos conseguindo encarar com mais leveza as dificuldades e reverberar para o mundo nossas descobertas.
Se estiver com medo, se organiza e vai com o frio na barriga mesmo. Vale a pena!
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