Segundo dados da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos, apenas cerca de 20% do fundo do mar foi mapeado até hoje. Uma descoberta de uma equipe internacional de pesquisadores comprova esse nosso “desconhecimento”, mas pode servir para que a ciência avance na compreensão dos organismos que vivem em locais tão distantes. Eles identificaram um vírus no local mais profundo da Terra.
Novo vírus
O vírus identificado era, até então, desconhecido pela ciência. Na verdade, trata-se de bacteriófago, um tipo de vírus que infecta e se replica dentro de bactérias. Os cientistas acreditam que eles são os organismos mais abundantes do planeta e que, onde quer que encontremos bactérias, é bem provável que os bacteriófagos também estejam lá. O estudo foi publicado na revista Microbiology Spectrum.
Bacteriófago foi encontrado no local mais profundo da Terra
O vírus foi encontrado dentro de sedimentos da Fossa das Marianas, o local mais profundo da Terra. O organismo foi localizado a uma profundidade de 8.900 metros. As informações são da IFLScience.
Até onde sabemos, este é o fago isolado mais profundo conhecido no oceano global.
Min Wang, membro do grupo de pesquisa
Chamado de Catchily vB_HmeY_H4907, acredita-se que o bacteriófago represente uma nova família de sifovírus, que têm DNA de fita dupla. Ele infecta Halomonas, um grupo de bactérias que são frequentemente encontradas no mar profundo e em fontes hidrotermais.
Como os vírus e suas bactérias hospedeiras frequentemente coevoluem, os pesquisadores conduziram uma análise genômica do DNA do novo bacteriófago. O objetivo era fornecer pistas sobre sua evolução e como ele interage com seus hospedeiros Halomonas.
Os resultados da análise sugeriram que ele está amplamente distribuído no oceano, mas também evolutivamente distante dos vírus de referência usados. Ele incorpora seu próprio genoma no genoma do hospedeiro, o que significa que, quando a célula da bactéria se replica e se divide, o material genético viral também é copiado e acaba nas novas células.
Essa substituição de DNA pode fornecer evidências de como ambos os organismos foram capazes de persistir em ambientes subaquáticos tão severos, sugerindo coevolução. No entanto, mais pesquisas são necessárias para examinar completamente essa possibilidade.
Os autores do estudo estão planejando futuras investigações sobre os mecanismos moleculares que conduzem as interações entre vírus do fundo do mar e seus hospedeiros. Eles também querem continuar a busca por novos vírus em outros ambientes extremos, na esperança de que isso amplie a compreensão dos vírus e da vida microbiana no mar profundo.
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