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Matemática é o curso da USP com maior desistência; Jornalismo, com menor

Já ouviu dizer que entrar na faculdade é fácil, e o difícil é sair de lá formado? Uma nova pesquisa divulgada pela USP (Universidade de São Paulo), a maior universidade do país, mostrou que o ditado é real – e mais ainda no caso de alguns cursos, como Matemática Aplicada e Computacional. Nesta graduação, cerca de 54% dos alunos que entraram a partir de 2018 desistiram e deixaram a universidade antes de concluir. O abandono, assim como ocorre em outros cursos na área de exatas, está relacionado à alta taxa de reprovação nas disciplinas de Matemática.

O autor do estudo, Luis Pedro Polesi de Castro, cruzou dados da Pró-Reitoria de Graduação para investigar qual é a real taxa de desistência de estudantes que ingressam na USP e quais são os motivos por trás dela. Descobriu, logo de cara, que a evasão geral na universidade paulista, de 17,41%, é menor do que a média das universidades federais, 39%. Depois, quando se debruçou sobre as graduações que estavam sendo abandonadas, percebeu que as recordistas em desistência eram na área de exatas.

Os três primeiros lugares, por exemplo, são ocupados pelo curso de Matemática em diferentes modalidades – Matemática Aplicada e Computacional, Matemática Aplicada e Matemática Licenciatura. Em seguida, aparece a licenciatura em Física. Em todos estes cursos, a reprovação nas disciplinas de Matemática é alta. A evidência é irrefutável e ajuda a explicar a evasão nos cursos de exatas, mas conforme se avança na lista das altas taxas de evasão, aparecem cursos como Gestão de Políticas Públicas e até Filosofia. O que dizer destes casos?

A evasão da desigualdade

Um outro achado do mestrado de Luis Pedro foi, na verdade, a confirmação de uma das hipóteses de sua pesquisa. Ele queria entender se a taxa de abandono da universidade se relacionava com a desigualdade entre os estudantes. Ou seja, se alguns deles tinham mais propensão a abandonar o curso por conta de fatores socioeconômicos, raciais ou de gênero. A conclusão foi que sim.

O perfil do estudante que evade dos cursos da USP é homem, negro, de baixa renda e ingressou na universidade mais velho. E cursos que atraem alunos de perfil mais próximo deste são, portanto, os que têm maior taxa de evasão – com exceção dos de exatas mencionados antes. Entre estes cursos aparecem Educomunicação, Letras e Pedagogia, todos no período noturno.

Os achados da pesquisa são um caminho para pensar as políticas de permanência para alunos cotistas, como auxílio-moradia, bolsas de permanência e outras. Enquanto a taxa de evasão entre estudantes que ingressaram pela Ampla Concorrência é de 15%, entre os cotistas pretos, pardos e indígenas chega a 23,9%.

“Se no momento que você tira a foto da entrada você vê uma diversidade maior, isso não é suficiente se lá no final do curso você tirar a mesma foto e essa diversidade não se manter”, defende o autor do estudo.

Os cursos com menor e maior taxa de evasão da USP

Maior evasão

Bacharelado em Matemática Aplicada e Computacional (IME) – 54%
Bacharelado em Matemática Aplicada (IME) – 50%
Matemática – Licenciatura – Noturno (IME) – 50%
Física – Licenciatura – Noturno (IF) – 46,7%
Bacharelado em Meteorologia (IAG) – 43,3%
Gestão de Políticas Públicas – Noturno (EACH) – 43,3%
Filosofia – Noturno (FFLCH) – 42,2%
Bacharelado em Astronomia (IAG) – 40%
Matemática – Bacharelado e Licenciatura (ICMC) – 37,9%
Licenciatura em Ciências Exatas (IFSC/IQSC/ICMC) – 37,2%
Licenciatura em Educomunicação (ECA) – 36,7%
Filosofia – Vespertino (FFLCH) – 36,7%
Licenciatura em Ciências da Natureza – Noturno (EACH) – 36,2%
Matemática Aplicada e Computação Científica (ICMC) – 36%
Física – Licenciatura – Diurno (IF) – 36%

Menor evasão

Nutrição e Metabolismo (FMRP) – 0%
Bacharelado em Jornalismo – Matutino (ECA) – 0%
Medicina – USP/Ribeirão Preto (FMRP) – 1%
Engenharia de Materiais e Manufatura (EESC) – 2%
Arquitetura e Urbanismo (IAU) – 2,2%
Medicina – USP/São Paulo (FM) – 2,9%
Publicidade e Propaganda – Noturno (ECA) – 3,3%
Engenharia Civil (EESC) – 3,3%
Bacharelado em Relações Internacionais – Diurno (IRI) – 3,3%
Odontologia (FORP) – 3,8%
Bacharelado em Ciências Biomédicas (FMRP) – 4%
Engenharia Mecatrônica (EESC) – 4,1%
Odontologia (FOB) – 4,2%
Medicina Veterinária (FZEA) – 5%
Administração – Diurno (FEA) – 5%

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