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Enem: todos os temas de redação que já caíram na prova

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é aplicado desde 1998, por meio dele estudantes de todo o país conseguem participar de processos seletivos como o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), Financiamento Estudantil (Fies) e Programa Universidade Para Todos (ProUni). A prova é composta por 180 questões objetivas de múltipla escolha e uma proposta de redação do enem— item que mais causa expectativas entre os candidatos.

Em mais de 20 anos a dissertação da prova abordou temas das mais variadas áreas do conhecimento, como direitos humanos, cultura, meio ambiente, igualdade racial, tecnologia. Alguns mais complexos que outros, mas todos sempre com o mesmo objetivo: escrever um texto dissertativo-argumentativo que apresente solução para os problemas levantados.

Uma maneira eficaz de aumentar a possibilidade de tirar nota mil na redação é estudar os temas de provas anteriores. Além de treinar a escrita dentro dos padrões esperados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o estudante consegue descartar assuntos que já foram abordados — eles não se repetem.

As redações são avaliadas de acordo com cinco competências. Cada uma delas vale até 200 pontos. Veja quais são:

Competência 1: Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa;
Competência 2: Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa;
Competência 3: Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista;
Competência 4: Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação;
Competência 5: Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado que respeite os direitos humanos.

Confira a lista de temas de redações de anos anteriores:

2021: “Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil”

Segundo Maria Catarina Bózio, coordenadora pedagógica e de Redação do Poliedro Colégio, o tema de redação do Enem 2021 seguiu um caminho diferente dos anos imediatamente anteriores ou falar de direitos de uma forma mais ampla. “Importante que o aluno trabalhasse com a noção da invisibilidade, do quanto é perigoso e deve ser evitado negar esses direitos a quem não possua um registro civil”, completa, ressaltando ainda a importância de garantir a possibilidade de resgate dos registros da população em situação de rua.

Um bom texto deveria incluir três eixos do tema: visibilidade, registro civil e cidadania.

2020: “O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira”

David Gonçalves, professor da Plataforma AZ de Aprendizagem, afirma que, nos últimos cinco anos, o tema já era uma pauta com mais protagonismo, sobretudo com as redes sociais. Mas que, com a pandemia, com certeza, as discussões se aprofundaram. “O fato de a dinâmica social ter mudado em 2020, com grandes alterações no modo de trabalhar, estudar, ter lazer, interferiu no modo como os brasileiros lidam com a questão psicológica, com seus medos e ansiedades”.

2019: “Democratização do acesso ao cinema no Brasil”

Considerado um dos mais polêmicos dos últimos anos, o tema de 2019 exigiu que o vestibulando escrevesse sobre democratização da cultura no Brasil. Segundo professores consultados pelo GUIA, a palavra “cinema” é polissêmica e abre possibilidade para mais de uma interpretação. Os alunos poderiam falar sobre a expressão artística, foco abordado nos dois primeiros textos da coletânea. Ou então, no cinema como espaço de exibição, explorados nos textos três e quatro. Toda a argumentação presente deveria estar relacionada à defesa desses pontos.

2018: “Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet”

De acordo com professores entrevistados pelo GUIA, o fato da proposta de redação ser longa abriu margem para que alunos tivessem dificuldade de identificar quais eram as palavras-chave. Eles tiveram que trabalhar as ideias envolvidas em: manipulação + dados + internet.

2017: “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”

Em 2015 foi aprovada a Lei Brasileira de Inclusão (13.146), por conta disso alguns estudantes já haviam trabalhado este tema na preparação para os vestibulares, mas dificilmente com o recorte educacional de surdos.

Os textos motivadores trouxeram dados sobre a educação de surdos entre 2011 e 2016, além de um trecho da Lei nº 10.436, que torna a Língua Brasileira de Sinais (Libras) a segunda língua oficial do país. Especialistas em educação também consideraram a temática da dissertação difícil devido às diversas particulares envolvidas na questão.

2016: “Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil”

A coletânea apresentou informações sobre a Constituição Federal, que assegura a liberdade de crença religiosa às pessoas. O texto I defende o Estado do laico e ressalta a importância de questões religiosas não interferirem na cultura, política ou perspectivas sociais.

O tema também foi considerado polêmico porque denunciava a intolerância religiosa, sobretudo às religiões de matriz africana.

2015:  “A persistência da violência contra a mulher no Brasil”

Esse tema não permitia que o candidato apresentasse alguma ideia favor da violência contra a mulher no Brasil. A proposta era justamente discorrer, com base nos dados apresentados sobre vítimas de assassinatos, as maneiras de se combater esse tipo de agressão.

2014: “Publicidade infantil em questão no Brasil”

Em 2014, o Conselho Nacional de Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), aprovou uma resolução que tornava a publicidade infantil abusiva. Isso gerou uma enorme discussão na sociedade. Por um lado, pais e ONGs apoiavam a decisão. Por outro, setores ligados ao mercado da publicidade se mostraram contra. O texto exigia que os alunos abordassem questões relacionadas à liberdade de expressão e proteção às crianças.

2013: “Efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil”

Cinco anos antes da prova havia entrado em vigor, em 2008, a lei 11.705 conhecida também como “Lei Seca”, que alterava o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) ao passar a proibir a condução de veiculo automotor, em via pública, por motoristas que apresentassem concentração de álcool superior a seis decigramas por litro de sangue.

Um dos textos-base ilustrava uma campanha do governo federal que alerta para o risco de dirigir alcoolizado. O motorista poderia causar um acidente grave ou até ir preso. Na redação os estudantes precisavam analisar os efeitos positivos da lei, mas também diagnosticar que ela apenas não era o suficiente para acabar com esse problema no Brasil.

2012: “O movimento imigratório para o Brasil no século XXI”

O aluno foi pego de surpresa pela abordagem deste tema, porque muitos estavam acostumados a falar somente da fuga de cérebros e emigração brasileira. Mas os textos motivadores falavam sobre o movimento de imigração crescente de bolivianos, através da trilha da costura, e de haitianos para o Acre. O material também destacava a influência desse fenômeno na cultura brasileira.

2011: “Viver em rede no século XXI: os limites entre o público e o privado”

A ideia era discutir a respeito dos limites entre o que deveria ou não ser público e divulgado na internet. Segundo professores ouvidos pelo GUIA, muitos estudantes se confundiram na discussão e acabaram escrevendo sobre as possibilidades políticas que a internet beneficiava, porque na época a primavera árabe estava em alta.

2010: “O trabalho na construção da dignidade humana”

O texto I faz menção, apesar do fim da escravidão no Brasil, ao trabalho contemporâneo degradante que cerceia a liberdade humana. A proposta pede para que os alunos reflitam sobre as perspectivas futuras envolvidas em atividades empregatícias.

2009: “O indivíduo frente à ética nacional”

Na edição de 2009 foi a primeira vez que o Enem passou a ser aplicado nos moldes que conhecemos hoje. A prova pulou de 63 para 180 questões e passou a ser feita em dois dias.

A proposta de redação pedia a reflexão sobre a reação popular à corrupção. No material de apoio havia uma charge de Millôr Fernandes, que questionava a escassez de pessoas honestas.

2008: “A máquina de chuva da Amazônia”

Os textos colocavam em pauta a importância das chuvas e como o aumento do desmatamento poderia prejudicar a floresta amazônica. A proposta apresenta três possibilidades para mantê-la preservada e o estudante deveria escolher apenas uma das ações para desenvolver a redação.

2007: “O desafio de se conviver com a diferença”

Os candidatos tinham que discutir questões relacionadas ao preconceito e como a tolerância é necessária para promover o bom convívio entre os seres humanos. A coletânea trazia uma música dos Titãs e outra do Engenheiros do Hawaii, além de um trecho da Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural.

2006: O poder de transformação da leitura

Os três textos de apoio destacam a importância da leitura na vida das pessoas. Em “O poder das letras” Moacyr Scliar afirma que todo escritor é, antes de tudo, um leitor. Também ficou destacado a capacidade dos livros de transportar o leitor para diferentes locais apenas com a imaginação.

2005: O trabalho infantil na realidade brasileira

A proposta apresenta um trecho do Estatuto da Criança e do Adolescente, que explica o dever da família, sociedade e Poder Público em assegurar o cumprimento dos direitos de crianças e adolescentes. Com objetivo de ajudar a construir um panorama da situação do trabalho infantil no Brasil, há um infográfico divido por regiões com a quantidade de jovens que vivem nessa situação.

2004: “Como garantir a liberdade de informação e evitar abusos nos meios de comunicação”

Ao fazer a leitura do material de apoio, pode-se perceber o teor crítico que o tema carrega. Na charge está representada uma família sentada no sofá assistindo televisão. Porém, no lugar do aparelho existe uma lata de lixo. A dissertação deveria apresentar soluções para a “invasão” da imprensa na vida das pessoas e quais são as consequências da fiscalização dos meios de comunicação.

2003: “A violência na sociedade brasileira: como mudar as regras desse jogo?”

A prova faz a comparação entre os gastos excessivos realizados em segurança aos de livros adquiridos pelos brasileiros. Além disso, deve-se notar que o tema questiona os baixos investimentos do governo federal em serviços de saúde, educação e programas de combate à fome.

2002: “O direito de votar: como fazer dessa conquista um meio para promover as transformações sociais de que o Brasil necessita?”

Dezessete anos depois da redemocratização do Brasil em 1985, período que marcou o fim da ditadura militar, o Enem destaca a importância do voto para garantir o funcionamento pleno da democracia.

2001: “Desenvolvimento e preservação ambiental: como conciliar interesses em conflito?”

O texto pede que os estudantes relacionem maneiras de manter o equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a necessidade preservação do meio-ambiente.

2000: “Direitos da criança e do adolescente: como enfrentar esse desafio nacional”

A charge de Argeli faz críticas sobre como os direitos de crianças e adolescentes garantidos no artigo 227 da Constituição Federal são desrespeitados.

1999: “Cidadania e participação social”

No segundo ano do Enem, os candidatos dissertaram sobre como o potencial da juventude pode transformar a sociedade. Esta é a primeira vez que a prova destaca o papel de jovens na luta por mais direitos.

1998: “Viver e Aprender”

No primeiro ano de realização do Enem, a proposta trouxe um trecho da música “O que é, o que é”, de Gonzaguinha, para os candidatos fazerem uma reflexão sobre como é possível tornar o mundo melhor e qual o sentido da vida.

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