O Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) é a principal porta de entrada para universidades públicas e privadas e, de quebra, acaba por avaliar a qualidade do Ensino Médio no Brasil. Além disso, o Enem garante a estudantes de baixa renda o acesso aos programas governamentais de bolsas de estudo ou financiamento.
A nota da edição de 2022 foi divulgada oficialmente no dia 8 de fevereiro de 2023.
Mesmo sendo amplamente conhecido, os estudantes nem sempre conhecem todas as possibilidades de acesso que o Enem permite. Por isso, o GUIA DO ESTUDANTE lista a seguir nove dicas para uso da nota do Enem. Assim, você pode utilizar da forma que seja mais conveniente para os seus planos.
O que dá para fazer com a nota do Enem em 10 tópicos
1 – Entrar em uma universidade pública por meio do Sisu
O Sistema de Seleção Unificada (Sisu) é um programa do governo federal, que teve sua primeira edição em 2010. O Sisu seleciona estudantes para instituições federais e estaduais de ensino superior e acontece duas vezes ao ano: no primeiro e no segundo semestre. Para se candidatar, é imprescindível que o estudante tenha feito o Enem do ano anterior, tenha obtido nota média igual ou superior a 450 e não tenha zerado na redação.
É a partir da nota no exame que o candidato poderá pleitear uma vaga em uma instituição de ensino superior. O estudante que já participou de edições anteriores do Sisu e não está mais cursando graduação, pode concorrer novamente para seleção em universidade pública. No entanto, é necessário ter realizado a edição mais recente do Enem.
2 – Fazer financiamento por meio do Fies ou P-Fies
Que tal cursar uma faculdade privada e pagar só depois de concluir o curso? Por meio do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) ou pelo Programa de Financiamento Estudantil (P-Fies) você pode financiar a graduação desejada em universidades privadas.
Para participar do Fies, os candidatos precisam ter realizado alguma edição anterior do Enem a partir de 2010, obtido a média igual ou superior a 450 pontos e não ter zerado a redação. Além disso, a renda familiar deve ser de até três salários mínimos na modalidade Fies e até cinco salários mínimos na modalidade P-Fies.
No Fies, o aluno tem acesso ao parcelamento sem juros em todas as parcelas. Já no P-Fies as taxas podem variar de acordo com a instituição financeira que oferece o crédito estudantil.
3 – Entrar em uma universidade privada por meio do Prouni
O Programa Universidade para Todos (Prouni) é uma iniciativa do governo federal para facilitar o acesso de alunos carentes ao ensino superior. Criado em 2004, o Prouni oferece bolsas de estudos de 50% ou 100% da mensalidade em faculdades particulares.
Para concorrer, o candidato precisa ter uma nota média igual ou superior a 450 pontos no Enem e não ter zerado a redação, ter renda familiar mensal de até três salários mínimos por pessoa.
Cada universidade estabelece as notas de corte, que são informadas a partir do segundo dia de inscrição, data em que é possível ter uma média da relação candidato vaga para cada curso.
4 – Estudar em Portugal
Mais de 50 universidades portuguesas aceitam a nota do Enem como ingresso para estudantes brasileiros. Entre elas, Universidade de Coimbra, Universidade do Algarve e a Universidade de Lisboa. O Enem Portugal é um acordo firmado entre o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pelo Enem, e as universidades portuguesas.
Por meio deste programa, o candidato interessado em estudar em Portugal precisa ter concluído o Ensino Médio brasileiro e não ter nacionalidade portuguesa ou de algum estado membro da União Europeia. Os candidatos devem estar atentos que a nota de classificação mínima para ingresso em cada uma das faculdades – mesmo dentro de uma mesma universidade – pode variar: desde 100 pontos até mais de 500 pontos. Depende do curso.
Cada universidade pode exigir uma documentação para candidatos que pretendem usar a nota do Enem para estudar em Portugal. No entanto, normalmente os documentos exigidos são: declaração de que cumpre todos os pré-requisitos; cópia do documento de identidade ou passaporte; cópia do CPF; foto 3×4; certificado de equivalência ao ensino secundário português; diploma apostilado, com base nas regras da Apostila de Haia, do ensino médio; histórico completo apostilado do Ensino Médio; declaração pessoal com as notas do Enem (e uma imagem da tela onde aparecem as classificações).
5 – Estudar em universidades fora do Brasil
Além do Brasil e de Portugal, existem faculdades que já citaram a possibilidade de utilizar os resultados do Enem nos seguintes países: Estados Unidos, Canadá, França, Reino Unido (Inglaterra e Escócia) e Irlanda. Cada país tem exigências específicas.
Na Irlanda é necessário ter Ensino Médio completo, documentação traduzida, passaporte e teste de proficiência em inglês. Na França você precisa ter o Ensino Médio completo, ter a documentação traduzida, ter sido aprovado em curso similar no Brasil, teste de proficiência em francês e passaporte. Já nos Estados Unidos é preciso ter concluído o Ensino Médio, passaporte e teste de proficiência em inglês. No Reino Unido você precisa ter o Ensino Médio completo, documentação traduzida, passaporte e teste de proficiência em inglês.
Confira aqui uma lista com algumas universidades estrangeiras que aceitam o Enem como critério de avaliação. A partir disso, basta entrar em contato com a universidade para pedir mais informações sobre o processo seletivo.
6 – Aumentar sua nota em universidade públicas
Além do acesso às universidades públicas por meio do Sisu, o Enem pode melhorar a sua nota em alguns vestibulares.
Mas atenção: as universidades têm autonomia para escolher a melhor maneira de usar o Enem e as regras podem mudar a cada ano. Por isso, é importante verificar os sites de cada instituição e conferir como é feito o cálculo da nota final do vestibular. A Universidade Estadual Paulista (Unesp) e a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) já utilizaram o Enem para acréscimo de nota, por exemplo.
7 – Ingressar em uma faculdade privada com bolsa de estudos
Há universidades privadas por todo o país que, além de trabalharem com as bolsas do Prouni, mantêm programas próprios de bolsas parciais e integrais. É comum as instituições oferecerem benefícios menos burocráticos e mais fáceis de conseguir do que os programas oferecidos pelo governo.
Por isso, mesmo que você não atenda aos critérios do Prouni, fique atento: uma boa nota no Enem pode diminuir muito o valor das mensalidades em uma faculdade particular.
8 – Substituir o vestibular pelo Enem em faculdades particulares
Em algumas universidades particulares, o Enem pode substituir totalmente o vestibular tradicional: basta cumprir os critérios da faculdade da qual você pretende se candidatar e apresentar a nota do exame.
9 – Destacar a sua nota no currículo
Você tem pouca experiência no mercado de trabalho, mas teve uma boa nota no Enem? Então é uma boa destacar o seu feito no currículo para que um potencial empregador saiba do seu desempenho, principalmente nas provas que possam ter relação com a vaga de emprego.
Bônus: Enem NÃO substitui diploma do Ensino Médio
A confusão acontece porque o Enem já substituiu o diploma. Até 2016, se você tirasse uma boa nota no exame poderia solicitar o certificado de conclusão. No entanto, o Ensino Médio passou por reforma e, a partir de 2017, o teste do Encceja passou a ter essa função.