Enem 2022: 7 possíveis temas de redação
Falta pouco mais de um mês para o Enem 2022! Nesta reta final, cresce a expectativa dos estudantes pelo momento em que vão abrir a prova do primeiro dia do exame e descobrir o tão aguardado tema da redação. É fato que não dá para ter certeza do que encontraremos ali, mas é possível estimar alguns caminhos que a proposta pode seguir.
Letícia Flores, professora de redação da edtech Stoodi, explica que a temática de redação está sempre diretamente relacionada com problemáticas vivenciadas pela sociedade brasileira atualmente e pode ser proposta em três eixos principais:
A relação do ser humano com a sociedade;
A relação do ser humano com o meio ambiente;
A relação do ser humano com ele mesmo.
A partir desses eixos, é possível pensar em diversos recortes que a banca pode solicitar aos candidatos.
A professora ressalta, no entanto, que o mais importante não é que o estudante “adivinhe” qual será o tema da redação, e sim que ele seja capaz de aplicar técnicas textuais aprendidas ao longo do ano a fim de estruturar na redação suas próprias interpretações, sempre partindo de um senso crítico apurado.
As famosas apostas de temas de redação devem ser encaradas, então, como exemplos de possíveis recortes e também podem servir de treino nessa reta final.
O GUIA DO ESTUDANTE conversou com professores de cursinhos e elenca sete possíveis discussões que podem ser tema de redação no Enem 2022. Confira!
1- Caminhos para assegurar direitos maternos no mercado de trabalho
Ainda há muito a ser feito no que diz respeito aos direitos das mulheres no mercado de trabalho, mas o assunto se torna ainda mais complexo quando se fala em mães. Mesmo que a lei apresente algumas garantias, muitas mulheres acabam ficando às margens destes direitos já que o Brasil enfrenta uma situação de subemprego feminino.
É recorrente os casos de mães que são demitidas após voltarem da licença maternidade ou aquelas que têm grandes dificuldades de recolocação no mercado de trabalho devido ao preconceito de gestores.
De acordo com a última Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), as mulheres são a maioria dos desempregados do país e menos da metade das brasileiras em idade de trabalhar está ocupada.
O problema ficou ainda pior no contexto da pandemia. A taxa de desemprego feminino ao final de 2021 foi 54,4% maior que a dos homens.
2 – Bullying e cyberbullying nas escolas
Nos últimos anos, o Enem trabalhou poucos temas ligados à educação. Isso aumenta a expectativa para que o exame trate de discussões relacionados à escola ou ao aprendizado de crianças e jovens. Um recorte possível nesse sentido é sobre o bullying, que vem ganhando cada vez mais projeção e espaço no debate público e é um assunto difundido entre os jovens. Programas de combate ao problema dentro das escolas, por exemplo, já são obrigatórios por lei.
Outra possibilidade é o exame tratar do bullying praticado dentro do ambiente virtual, também conhecido como cyberbullying. Nestes casos, os agressores muitas vezes se mantêm no anonimato ou aproveitam para atacar a vítima de maneira coletiva, já que a enxergam como mais vulnerável.
Segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos, o Brasil é o segundo país com mais casos de cyberbullying no mundo. Este fato, aliado ao intenso período de isolamento social e de relações virtuais que o mundo vivenciou durante a pandemia, pode tornar o recorte especialmente atrativo para os vestibulares.
3 – Sub-representação feminina na política
Assim como os direitos das mães no mercado de trabalho, outro recorte passível de abordagem no Enem é o espaço das mulheres na política. O exame pode abordar a desigualdade de gênero na tomada de decisões que afetam toda a sociedade.
Um reflexo disso é a recente diminuição da bancada feminina. Apesar de ter tido maior presença de mulheres na disputa ao Senado, apenas quatro senadoras foram eleitas no pleito do último 2 de outubro. Sendo assim, a próxima Legislatura, que inicia em 2023, terá um número menor de mulheres nas cadeiras do Senado (10) comparado ao início da Legislatura anterior, em 2019, quando elas eram 12.
Além das questões sobre mulheres, os estudantes devem ficar atentos aos temas que abordem o direito de outras minorias, como das pessoas com deficiência (PCDs), os negros e a comunidade LGBTQIA+.
4 -Educação socioemocional
Outro assunto que vale o aluno ficar de olho é a educação socioemocional, que ganhou maior visibilidade com o Novo Ensino Médio. Já em aplicação em escolas brasileiras, trata de lidar com habilidades que vão além do conteúdo tradicional.
O autoconhecimento, a comunicação não-violenta, a empatia e a tomada responsável de decisão fazem parte da educação socioemocional. Ela pode, inclusive, ser ferramenta interessante no combate ao bullying e à evasão escolar.
5 – Turismo sustentável
Meio ambiente é mais um eixo temático que não aparece há tempos na redação do Enem e que, por isso, torna-se uma grande aposta para este ano. É válido, no entanto, que o estudante pense em recortes além dos mais convencionais como o desmatamento e as queimadas. Uma discussão que poderia ser proposta, por exemplo, é o turismo sustentável, tendo em vista os impactos da pandemia neste setor.
Diante de número preocupantes sobre o meio ambiente, como dados recentes que mostraram que a Amazônia Legal tem o maior desmatamento em 15 anos, fica evidente a necessidade do Brasil buscar caminhos de desenvolvimento – incluindo o turismo – que não degradem o meio ambiente.
6 – Insegurança alimentar
A fome no Brasil atinge, hoje, mais de 33 milhões de pessoas – 14 milhões a mais do que o índice registrado em 2020 – e 6 a cada 10 brasileiros convivem com algum grau de insegurança alimentar. Os dados são do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, encomendado pela Rede Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional) e executado pelo Instituto Vox Populi.
O levantamento acende o alerta sobre a volta do fantasma da fome: duas décadas de avanços na questão da segurança alimentar foram perdidas e o país retrocedeu ao quadro vivido nos anos 1990. Diante desse cenário, a banca do Enem pode tratar deste direito básico e que vive um momento de retrocesso.
7 – Desafios da saúde pública frente à queda de vacinação infantil
A pandemia colocou as discussões sobre vacinação em evidência, o que pode ser um gancho para o Enem trazer o tema para a redação. A rejeição à vacina contra a covid-19 não é uma exceção. Grupos que criticam a vacinação – os chamados antivacinas – têm ganhado força nos últimos anos.
Com a evolução da medicina e o desenvolvimento de imunizantes, enfermidades como poliomielite, varíola e sarampo se tornaram raras e passaram a ser vistas como um problema de um passado distante – o que, de certa forma, afastou o temor da população e diminuiu o alerta sobre a importância da vacinação, especialmente para as crianças.
Um ponto importante é que a decisão de não vacinar os filhos é tida por uma parcela da sociedade como algo individual, quando, na verdade, é uma questão de saúde pública. Esse embate deixa a temática ainda mais em evidência para o Enem.
Fontes: Letícia Flores, professora do Stoodi, Felipe Leal, do Curso Anglo, Fernanda Pessoa, do curso Fernanda Pessoa, Thiago Braga, do Sistema de Ensino pH, Vanessa Bottasso, da Oficina do Estudante,