Você piscou, e a Fuvest já está quase aí. Faltam exatamente cem dias para o vestibular da maior universidade da América Latina (e também um dos mais concorridos e complexos do país). Mas calma, se tem uma coisa que não dá para fazer agora é se desesperar e virar a noite estudando. Não é a melhor solução.
Aliás, manter a rotina de estudos e evitar loucuras do tipo é a dica número um de Daniel Perry, diretor do Anglo Vestibulares. “Se você está no colégio ou em algum curso pré-vestibular, continue indo às aulas normalmente e fazendo as tarefas propostas, dentro do seu horário habitual de estudos”, diz, justificando que o desgaste físico e emocional de atravessar noites estudando não compensa o esforço.
Além de Daniel, conversamos com Cláudio Falcão, diretor do Sistema de Ensino pH, e Fernando Marcílio, professor de literatura do Anglo Vestibulares, para reunir as principais dicas de estudo a 100 dias do maior vestibular do Brasil.
Um pouco de tudo, todo dia
Nessa reta final, o macete de estudar apenas os conteúdos que você tem dificuldade não vai tão bem. Afinal, é importante reforçar também seus pontos fortes. Por isso, divida sua rotina diária de estudos entre todas as áreas do conhecimento e tente ver um pouco de cada coisa. Para não se cansar, a dica é trocar de conteúdo a cada 1h30, em média.
Prova é treino
O melhor jeito de entender o ritmo da prova, o formato das questões e os conteúdos mais cobrados é estudando com as próprias edições anteriores do vestibular. Além de pinçar algumas questões a partir do conteúdo que está estudando, use-as também como simulado.
Foco nos assuntos mais cobrados
Se nem um ano acaba sendo suficiente para estudar tudo que a Fuvest pode cobrar, que dirá 100 dias. Mas como estudo também é estratégia, foque nos assuntos mais cobrados de cada disciplina e terá boas chances de não perder tempo estudando conteúdos que costumam passar longe da prova. Pensando nisso, Daniel Perry nos ajudou listando os conteúdos mais cobrados de cada matéria nos últimos cinco anos. Confira:
Biologia
Há um aumento de questões sobre reino vegetal e sobre vírus nos últimos anos. Porém, sempre marcam presença questões de fisiologia animal, genética e ecologia.
Química
A banca examinadora mudou algumas tendências adicionando questões de cálculo estequiométrico e ligações intermoleculares. Outros assuntos mantêm sua regularidade, como reações e características dos compostos orgânicos e equilíbrios químicos.
Física
Analisando os últimos anos, há uma ênfase em mecânica. Dentro disso, os assuntos de maior destaque nos exames mais recentes têm sido trabalho e energia. Ainda é possível destacar que eletrodinâmica, dinâmica impulsiva, ondulatória e óptica geométrica estiveram presentes recentemente.
Geografia
A prova da Fuvest tem sido bem atual, cobrando conhecimentos sobre questões ambientais e processos econômicos atuais. Outros assuntos recorrentes são dinâmica da natureza, espaço agrário e espaço urbano.
História
Português
A Fuvest, na linha dos principais exames do país, tem refletido a preocupação de trabalhar as disciplinas de português (interpretação, gramática, literatura e redação) como importantes instrumentos de formação cultural. Por isso, as questões sobre as obras obrigatórias se tornam cada vez mais recorrentes. Em gramática, foque na análise sintática.
Inglês
O exame tradicionalmente aborda questões relacionadas a interpretação de texto, sem cobranças gramaticais.
Matemática
No geral, os assuntos mais cobrados são a geometria (principalmente plana e a espacial), teoria das funções, exponenciais e logaritmos.
Atualidades
A prova de geografia da Fuvest está de fato cada dia mais atual, tanto que a maior parte dos assuntos de atualidades da prova aparecem nessa área. A dica é de Cláudio Falcão: atenção à geopolítica! Temas que não saem do noticiário nacional e internacional como a guerra entre Rússia e Ucrânia, a volta da fome ao Brasil e a hegemonia chinesa são alguns dos que podem aparecer nessa disciplina.
Outras matérias também antenadas com atualidades sã Português e Inglês: temas sociais podem ser cobrados nos textos, tirinhas e charges.
Invista nas obras literárias
Nada como ler um livro e se entregar completamente, imaginar cenários, ficar apreensivo e quando se der conta já ter chegado à última página. Por que não fazer o mesmo com as obras literárias da Fuvest? Parece simples, mas essa é a dica do professor de literatura Marcílio: mergulhar em cada livro. Segundo o professor, isso é essencial para compreender a obra como um todo.
O segundo passo é não lê-lo passivamente: faça perguntas ao autor e ao próprio livro: por que essa escolha de linguagem, por que essa métrica (quando se tratar de poemas), quem está narrando, como os personagens secundários influenciam nos acontecimentos, quais são os acontecimentos mais importantes… enfim, solte a imaginação!
Por fim, Marcílio aconselha apostar na intertextualidade. Pergunte-se qual a relação entre o autor e a obra, a obra e o contexto em que ela foi escrita, os parâmetros estéticos da época e por aí vai. Não faça isso apenas com um dos livros, mas sim tentando relacionar uns aos outros. Já leu Mensagem e Terra Sonâmbula? Então deve ter percebido que os dois exploram a questão da identidade e da colonização – ainda que de pontos de vista diferentes.