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Como o novo relatório da ONU pode ajudar na redação do Enem

Ainda é possível evitar uma catástrofe climática e garantir um futuro sustentável para o planeta, mas o tempo está se esgotando. É isso que aponta o novo relatório sobre mudanças no clima, divulgado pela ONU (Organização das Nações Unidas) este mês. Seis grandes estudos sobre o tema, publicados nos últimos anos, foram sintetizados em 36 páginas com dados que expõem as perdas e danos que vêm sendo causados pela mudança climática no planeta. Está se perguntando o que isso tem a ver com a redação do Enem?

O documento traz informações importantes para qualquer cidadão ficar por dentro da situação atual das mudanças climáticas, mas pode ser uma ferramenta especialmente útil para os vestibulandos. Aprofundar-se em problemas da atualidade e em possíveis soluções para eles é uma das demandas do Enem, principalmente no momento da redação, quando a banca cobra uma proposta de intervenção.

Entenda a importância deste documento e como estudar a partir dele.

A situação climática do planeta hoje

O IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU) alerta que os desastres naturais relacionados ao clima estão atingindo especialmente as pessoas mais vulneráveis e os ecossistemas mais frágeis, como os manguezais, áreas costeiras e semidesérticas.

Assim, a ideia é que as recomendações do novo documento guiem as políticas públicas e as negociações diplomáticas que acontecerão nos próximos tempos. “É importante preparar a sociedade, as populações, sobretudo as mais vulneráveis, que contribuíram menos com a mudança climática, para que elas se tornem mais resilientes a esses eventos”, diz a brasileira Mercedes Bustamante, uma das editoras-revisoras do texto.

Não à toa, os refugiados ambientais, termo usado para se referir às populações vulneráveis que precisam se deslocar em função de desastres climáticos, foi tema de redação da Fuvest 2023.

Confira abaixo alguns pontos listados pelo relatório e que ilustram a atual situação do planeta:

A temperatura global aumentou mais rapidamente desde 1970 do que em qualquer outro período de 50 anos durante os últimos 2.000 anos;
As concentrações de gás carbônico na atmosfera são as mais altas em 2 milhões de anos;
O mundo precisa reduzir, praticamente pela metade, as emissões de CO2 até 2030 para que o aquecimento global se limite a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais – o que era uma meta estabelecida no Acordo de Paris (2015);
O uso de combustíveis fósseis impulsiona “de forma esmagadora” o aquecimento global;
Os atuais níveis de financiamento para o clima são “altamente inadequados”;
Com o aquecimento sustentado entre 2 e 3 °C, as camadas de gelo da Groenlândia e da Antártica Ocidental serão perdidas “quase completa e irreversivelmente” ao longo de vários milênios;
Combustíveis fósseis ainda representam mais de 80% da energia mundial e 75% da poluição do planeta causada pelo homem;
Cerca de 34% a 45% das emissões globais ligadas a consumo de bens e serviços (excluem-se aqui as emissões de desmatamento e mudança do uso da terra) concentram-se em 10% da população global, enquanto outros 50% da população contribuem com apenas 13% a 15% das emissões ligadas ao consumo;
Quase metade da população global vive em regiões altamente vulneráveis às mudanças climáticas e, na última década, as mortes por enchentes, secas e tempestades nesses locais foram 15 vezes maiores em comparação a locais menos expostos;
Nascidos em 2020 podem sofrer impactos severos do clima no fim do século, como migração forçada, desnutrição, escassez hídrica, baixa produtividade agrícola, zoonoses e até doenças mentais ligadas à crise climática.

As soluções propostas pelo IPCC, que podem virar proposta de intervenção

Caso a meta estabelecida no Acordo de Paris, em 2015, não seja cumprida e a temperatura global não se limite a 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais, os cientistas afirmam que “os desastres climáticos se tornarão tão extremos que as pessoas não conseguirão se adaptar”. Além disso, componentes básicos do sistema do planeta serão alterados de forma definitiva, fazendo com que ondas de calor, fome e doenças infecciosas possam causar a morte de milhões de pessoas até o final do século.

Uma das soluções propostas pelo relatório é o chamado “desenvolvimento resiliente ao clima”, que consiste na integração de ações para reduzir ou evitar as emissões de gases de efeito estufa com medidas de adaptação às mudanças climáticas.

Alguns exemplos de soluções incluem a expansão do acesso à energia limpa, eletrificação com baixa emissão de carbono e a promoção de transporte com zero e baixa emissão de carbono.

O relatório ressalta o poder dos governos para a redução das emissões de gases de efeito estufa, por meio de financiamento público, demonstração clara aos investidores da importância da sustentabilidade, além da intensificação de medidas eficazes rumo à energia limpa. Mudanças no setor de alimentos, eletricidade, transporte, indústria, construção e uso do solo também são destacadas como formas de reduzir as emissões.

Por fim, o IPCC destaca que ações individuais, como mudanças para estilos de vida mais sustentáveis, também podem fazer diferença no quadro geral.

Segundo Kaisa Kosonen, uma das observadoras da sessão de aprovação do relatório, é possível cortar de 40 a 70% das emissões projetadas para 2050 com medidas feitas no final da linha, pelas pessoas. “Isso inclui mudar para dietas à base de vegetais, evitar viagens de avião, construir cidades mais acessíveis a pé e de bicicleta…”, exemplifica a especialista.

Para isso, o relatório reforça que é fundamental que os governos reformem os sistemas de transporte, indústria e energia para que as escolhas de baixo carbono se tornem mais acessíveis para os indivíduos.

Guia do Estudante

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