Um artigo publicado na sexta-feira (28) na revista científica Science Advances descreve uma descoberta incrível feita pelo rover chinês Zhurong, que passou pouco mais de um ano explorando a superfície de Marte – até entrar em estado de hibernação, em maio de 2022.
Embora os cientistas já tenham encontrado muitos indícios de água congelada, a atmosfera incrivelmente fina de Marte torna quase impossível a existência de água líquida por lá. No entanto, segundo os autores do novo estudo, o rover pode ter encontrado evidências de água líquida em baixas latitudes do planeta, onde as temperaturas são relativamente quentes e mais adequadas para a vida.
Dados de três dos instrumentos científicos de Zhurong, que foram encarregados de analisar as características da superfície e a composição das dunas marcianas, sugerem que sua camada superficial é rica em sulfatos hidratados e sílica, bem como minerais óxidos. Esse sal permite que o gelo ou a neve derretam a temperaturas mais baixas.
“De acordo com os dados meteorológicos medidos por Zhurong e outros rovers de Marte, inferimos que essas características da superfície das dunas estavam relacionadas ao envolvimento de água salina líquida formada pelo subsequente derretimento da geada/neve que cai nas superfícies das dunas contendo sal quando ocorre o resfriamento”, disse Qin em um comunicado.
Embora isso sublinhe as teorias em torno do ciclo de vapor de neve ou gelo para água na atmosfera em altitudes mais baixas, “nenhum gelo de água foi detectado por nenhum instrumento no rover Zhurong”, disse Qin ao site Space.com.
Os pesquisadores sugerem que ambientes úmidos ao longo da história do planeta permitiram que a geada ou a neve derretessem e congelassem repetidamente à medida que avançava da camada de gelo polar do planeta até o equador, causando crostas e rachaduras na superfície e deixando para trás água salgada líquida.
De acordo com a pesquisa, as dunas, que têm entre 400 mil e um milhão de anos, já foram ricas nesses sulfatos e minerais hidratados.
“Isso é importante para entender a história evolutiva do clima marciano, procurar um ambiente habitável e fornecer pistas-chave para a busca futura por vida”, acrescentou Qin.
Agora, a equipe sugere que “deve se dar prioridade a micróbios tolerantes ao sal em futuras missões em busca de vida existente em Marte”.
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