Desde a madrugada desta quinta-feira (13), já é possível utilizar o Bard em português brasileiro. O chatbot responsivo do Google, que rivaliza com o ChatGPT, já estava disponível para testes em inglês nos EUA e Reino Unido desde março.
Além do Brasil, os 27 países da União Europeia também passam a ter acesso a ferramenta. Com a nova atualização, o Bard fica disponível em 40 idiomas, lista que inclui árabe, chinês, alemão e espanhol.
O anúncio da expansão do Bard, principal projeto de IA generativa do Google, veio na última conferência de desenvolvedores Google I/O, em maio. Nos próximos meses, a ferramenta deve chegar a 180 países.
Ser um chatbot responsivo significa interagir com o usuário a partir de perguntas e respostas. E entregar conteúdos mais próximos da expectativa de quem está perguntando — considerando fatores como histórico de busca, localização, idade e etc.
O Google, porém, ainda diz que o seu chatbot está em período de testes — o que implica que ele deve ser aprimorado e ganhar atualizações para corrigir bugs ou respostas atravessadas do robô interativo. É possível ver o anúncio na primeira interação, que convida o usuário a dar feedback e ajudar a melhorar o chatbot.
Essa postura de admitir que a ferramenta ainda está em desenvolvimento é uma forma de se blindar de eventuais erros que surjam da interação com a plataforma. Entram aqui, por exemplo, o que o Google chama de “vieses”, como a replicação de estereótipos ou até preconceitos disponíveis em textos da internet. E também as tão faladas “alucinações” que chatbots como o ChatGPT e Bing por vezes caem — como inventar informações e fontes que podem parecer realistas, mas que não existem ou não estão ancoradas em fatos.
Há também um disclaimer no rodapé que diz que “o Bard pode apresentar informações imprecisas ou ofensivas que não representam as opiniões do Google”. O Google reforça, porém, que treinou o Bard para que conteúdos chocantes e prejudiciais, ilegais, que divulguem informações pessoais, sexuais, não apareçam em respostas para os usuários.
“O Bard ainda é um experimento. Algumas respostas não serão boas, não estarão factualmente corretas”, disse Bruno Possas, vice-presidente global de Engenharia para Busca, durante evento que apresentou o lançamento da plataforma no Brasil. “Mas esperamos, com feedback e trabalho contínuo, evoluir de tal forma que a ferramenta se torne indispensável na vida das pessoas”.
Um exercício interessante a se fazer, inclusive, é questionar a IA: dizer “você está se baseando em quais fontes para dar essas respostas?” pode ajudar o usuário a acusar conteúdos imprecisos mais facilmente.
Há também um aviso de que “revisores humanos podem processar suas conversas do Bard para fins de qualidade. Não insira informações confidenciais”. O Google declarou, para jornalistas, ter um time de avaliadores de conteúdo e também que contratou parceiros externos para ajudar no trabalho de revisão e refino das respostas — sem dizer qual é a empresa ou o tamanho da equipe.
Como usar o Bard em português
Acessar o endereço “bard.google.com”
Fazer login com a sua conta do Google, clicando no botão do canto inferior direito
Na página seguinte, clicar em “quero testar o Bard”
Ler e concordar com os termos de uso da ferramenta
Na primeira interação, vai aparecer uma barra para digitar um comando
Daí, é só aproveitar a conversa com o robô responsivo do Google
Uma observação: para usar a plataforma com uma conta do Google Workspace, como a que você usa no trabalho, é preciso primeiro receber autorização do administrador da conta para tal. Tentei fazer login usando meu e-mail do Giz Brasil e acabei dando de cara com o aviso, como você pode ver abaixo. Também é necessário ter 18 anos ou mais.
4 novidades disponíveis
A atualização que liberou o Bard no Brasil trouxe também 4 novos recursos da ferramenta. São eles:
Conversas recentes e fixadas
O Bard vai ter uma espécie de “memória de curto prazo”, lembrando (e mostrando) o que você pesquisou durante suas últimas interações. A ferramenta também vai considerar esse histórico na hora de dar novas respostas sobre o mesmo assunto. O recurso é interessante para tarefas como planejar uma viagem ou estudar sobre um tema em específico, por exemplo.
Leitura em voz alta
O Bard será capaz de “ler” os resultados de suas dúvidas (com aquela voz robótica do Google tradutor), ajudando quem prefere ouvir do que ler ou vive fazendo várias coisas ao mesmo tempo. Ou quando é necessário ouvir a pronúncia correta de um termo. Para ter acesso, basta clicar no ícone de alto falante.
Novas opções para exportar código
Quem usa o Bard para programar poderá exportar um código Python gerado pela ferramenta para o Replit, um ambiente de programação onde é possível editar e executar o código, com maior facilidade.
Opções de compartilhamento
Gostou de uma resposta do Bard e quer enviar para para um amigo? Agora, isso vai ficar mais fácil, já que o chatbot passará a contar com um botão que gera um link para o conteúdo. Dá também para exportar para o Google Docs, por exemplo.
O que dá para fazer com o Bard
Segundo o Google, o chatbot responsivo deve funcionar como um complemento para o seu já consagrado buscador. Baseado em IA generativa, a ferramenta vai ser capaz de se adaptar melhor às demandas de usuário, entendendo melhor a sua jornada de buscas.
Planejar uma viagem, estudar sobre um tema específico retomando as buscas de onde parou, receber dicas para melhorar a produtividade, organizar informações em tabelas (e, no futuro, gráficos), resumir conteúdos, escrever e-mails chatos. A lista de coisas que o Bard é extensa.
A funcionalidade de codificação, que permite o uso da ferramenta para programação, foi lançada em abril. Em maio, passou a ser possível usar o Bard para fazer resumos e citações, além da possibilidade de receber imagens nas respostas. Em junho, a ferramenta ganhou acesso a localização (o que pode refinar os resultados), atualizações matemáticas e a possibilidade de exportar para planilhas.