Como estimular o aprendizado da microbiologia de forma lúdica e ainda assim trazer conhecimentos aprofundados e úteis no dia a dia? Para os alunos de graduação do Curso de Ciências Biomédicas do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, foi por meio de um jogo de tabuleiro, desenvolvido por eles como parte da disciplina de Bacteriologia.
Denominado Trepowar, o jogo — que traz em seu nome e mecânicas inspirações no jogo War, lançado pela Grow em 1972 — tem como “protagonista” a bactéria Treponema pallidum pallidum, causadora da sífilis. Ao redor de um tabuleiro que representa o corpo humano, os jogadores são divididos em duas equipes: um time joga como o sistema imunológico do hospedeiro, e o outro como a bactéria.
Ao longo da partida, as equipes recebem cartas de ação que devem ser usadas, junto aos dados, para atacar os “territórios” — as diferentes partes do corpo. As cartas incluem conteúdo didático sobre a bactéria e a doença, que são relacionados a alguma ação dentro da mecânica do jogo. As equipes se alternam entre ataque e defesa, e vence quem conquistar primeiro todos os territórios.
“Foi uma maneira de tornar o aprendizado mais leve e divertido, tanto para os jogadores quanto para nós, desenvolvedores”, conta Júlia Toneli, uma das alunas responsáveis. “Quando estávamos desenvolvendo o jogo, precisávamos estar com o conteúdo alinhado, então retomamos vários temas, discutimos e tiramos dúvidas entre nós.”
A estudante ainda acrescenta que, apesar de ter sido pensado para alunos de graduação de faculdades da área de Biológicas, o material pode ser interessante para qualquer público. “Seria incrível ver ele sendo recomendado em estudos para provas de bacteriologia ou em ligas que abordam doenças sexualmente transmissíveis. Mesmo assim, acho que é um jogo válido para todos os estudantes que têm interesse na área.”
“Adote” uma bactéria
A iniciativa é parte do projeto Adote Uma Bactéria, criado e coordenado pela professora Rita Café Ferreira, que tem como objetivo promover a divulgação científica de assuntos relacionados ao estudo das bactérias. Os alunos “adotam” uma espécie de bactéria, sobre a qual publicam materiais didáticos nas redes sociais. Ao fim do semestre, desenvolvem um projeto maior — pode ser um jogo de tabuleiro, uma história em quadrinhos, uma música ou qualquer outro formato que julguem interessante.
Jogo Trepowar
Mediadores: Bruna Rodrigues Corrêa, Carolina Diorio Nastaro, Gabriel Rezende Coelho e Matheus Gallardo Souza Inoue.
Coordenação: professora Rita de Cássia Café Ferreira e Bárbara Rodrigues Cintra Armellini.
Autores: Ana Luiza Nunes Goussain Filippo, Beatriz Rodrigues Seiler, Deborah Silva Rocha, Helena Cristina de Albuquerque Corrêa, Júlia Toneli Oliveira, Ketlin Scomparin da Silva, Maria Eduarda Portella Viana, Rafael Moura de Paula e Thamires Lopes Ferreira.