Teste Psicotécnico: como funciona?

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Muitos candidatos quando leem no edital do concurso público que serão submetidos à etapa de teste psicotécnico já ficam apreensivos achando que é um “bicho de sete cabeças”.

Não que seja a etapa mais tranquila do mundo, mas existem dicas que podem ajudar a passar por essa fase com mais tranquilidade. Afinal, depois de tanto aperto que os concurseiros passam com os estudos, não dá para dar mole nesta etapa, certo?

Antes de adentrarmos ao tema em específico, precisamos trazer uma informação importante do Superior Tribunal Federal (STF) que diz na Súmula Vinculante 44 que, somente por lei, se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público.

A área de segurança pública é a que mais cobra o teste psicotécnico, porém, não só ela. Outros concursos também podem ter essa etapa.

Por isso, conversei com a psicóloga especializada em concursos, Fabíola Araújo, para entendermos como funciona o teste psicotécnico.

Mas, primeiro precisamos entender o que é o teste psicotécnico, de onde ele vem, o que ele come, onde ele mora, como vive?

Brincadeiras à parte, ele nada mais é do que uma avaliação psicológica, ou, com outras nomenclaturas como, por exemplo, exame de aptidão psicológica, exame psicológico. Isso vai depender de como a banca organizadora vai nomear essa etapa no edital e pode, inclusive, ser cobrada de formas distintas, como em concursos que serão cobrados internamente ou externamente. Vamos falar sobre isso ao longo do nosso bate-papo aqui.

Afinal, pra que serve o teste psicotécnico?

O teste psicotécnico serve para examinar as condições psicológicas dos candidatos para averiguar se ele está apto a exercer as funções para as quais foi aprovado nas outras fases do concurso.

Mas, você me pergunta: esse teste é para medir a inteligência? E eu garanto que você pode manter a calma, pois não é a inteligência que será avaliada e, sim, as características psicológicas que possam vir a influenciar, ou não, no desempenho das funções do órgão para o qual foi aprovado nas etapas anteriores.

A psicóloga Fabíola Araújo explicou que esse processo de avaliação psicotécnica já começa antes mesmo de o edital sair, pois é quando os psicólogos da banca ou da instituição fazem uma análise do perfil psicográfico.

O perfil psicográfico é o momento em que são delimitadas ou entendidas quais as funções daquele cargo e quais atributos são aptidões necessárias.

Essas características podem ser cognitivas ou de característica de personalidade, como controle emocional, liderança, disciplina, agressividade, impulsividade, entre outras.

Desse modo, o candidato é submetido a essa fase para que se verifique se ele tem ou não condições de realizar bem aquelas funções.

Como é feita a avaliação psicotécnica?

Para que a avaliação aconteça, existe todo um rigor técnico e ético que norteia esse processo.

E é mediante a análise por parte de especialistas, que é traçado esse perfil e, então, é  lançado o edital.

Um detalhe bem importante é que tudo isso pode estar muito às claras, muito entendido, ou não, e isso vai depender do que a banca decidir revelar e quando chegar a essa etapa.

E quem define o formato dessa avaliação? A banca vai escolher os instrumentos ou técnicas, ou seja, os instrumentos que serão utilizados para avaliar as características dos candidatos e, diante disso, ele é considerado apto ou inapto para exercer aquela função.

Quantos de nós, nunca pensamos no quão pode ser subjetivo esse procedimento todo, não é? Mas, todo esse processo é justificado. Segundo Fabíola, onde a psicologia estiver inserida,  lá está para promover a saúde mental, e identificar se o candidato tem o perfil para exercer determinado cargo.

A avaliação psicotécnica é um grande passo para evitar que esse indivíduo tenha um prejuízo gigante, caso ele não esteja apto a desempenhar determinada função com plenitude ou até mesmo a instituição seja prejudicada futuramente..

E por quê? Porque quando a pessoa não apresenta as características ideais para exercer determinada função e tenta se inserir em um lugar que não é seu molde, com certeza vai ser prejudicada.

Esse prejuízo que a pessoa pode sofrer pode se dar por fragilidade da saúde mental, possíveis transtornos psicológicos e, com isso, a instituição também vai ter uma perda.

Uma reprovação no psicotécnico não é fim do mundo

Muitos candidatos quando são reprovados nesta fase acabam desanimando e desistindo do cargo.

Mas, uma reprovação naquele momento não quer dizer que ele não possa seguir seu sonho, mas sim, uma possibilidade de alerta, de mostrar que ele precisa de ajuda e, que essa ajuda, pode contribuir para que ele volte mais fortalecido e em condições de ser aprovado num próximo concurso.

Para a psicóloga, “a etapa do teste psicotécnico não está ali para afastar o candidato do seu sonho, da sua estabilidade, do salário que você sonhou ter. O psicólogo está ali para ajudar o candidato como indivíduo e a corporação como instituição”.

No entanto, caso o candidato não concorde com a reprovação, claro que ele pode entrar com um recurso administrativo e tentar contestar o resultado. Ou, até mesmo, entrar pelas vias judiciais para reaver a forma como foi avaliado. Porque pode acontecer dessa inaptidão ter sido apresentada por um erro técnico da avaliação.

Uma coisa é muito certa de se ter em mente: um caso de inaptidão não é o fim do mundo, é uma possibilidade de o indivíduo conseguir se preparar para uma rotina de trabalho futuramente que não traga consequências devastadoras para sua vida.

Por outro lado, Fabíola explica que é preciso entender que nem todo mundo gosta e consegue fazer tudo o que é proposto na vida, pois o ser humano é plural e temos aptidões para fazer algo melhor do que outras.

E isso não quer dizer que não se pode fazer, até pode, mas em quanto tempo fazendo aquilo pode ser gerado um prejuízo?

E a avaliação psicológica está ali para nortear esse entendimento, para que o servidor usufrua de qualidade de vida enquanto exerce suas funções.

Por tudo isso, é muito importante que o candidato leia atentamente o edital, entenda se , de fato, ele se encaixa nas condições exigidas para exercer a função que ele deseja.

O objetivo dessa etapa é evitar uma frustração no desempenho das suas funções, e um adoecimento, perdendo qualidade de trabalho, qualidade de vida, ficando estressado.

Com o desgaste de um servidor que passa por condições psicológicas que possam estar prejudicando seu desempenho, a instituição vai perdendo mão de obra e acaba virando uma bola de neve muito grande, que poderia ter sido evitada se essa etapa fosse entendida como extremamente importante e necessária dentro do concurso.

Quais as características podem causar reprovação no TAP?

A psicóloga Fabíola explicou que é muito importante que o candidato entenda que o TAP não tem o objetivo de fazer uma investigação clínica, ou seja, não está ali para identificar uma psicopatologia.

Quando o candidato é considerado inapto, a sua devolutiva não estará sedimentada por alguma psicopatologia que tenha sido identificada durante o teste, porque o TAP não tem esse objetivo.

O que pode constar do diagnóstico será se ele tem um nível de agressividade, ou  de atenção, por exemplo, esperados ou não para exercer aquela função.

E isso, não quer dizer que o candidato tenha uma determinada psicopatologia, um transtorno, mas que, naquele momento,  ele não alcançou o índice necessário para exercer a função daquele cargo.

As características que são avaliadas no TAP, comumente na área de segurança, são as de personalidade, sempre buscando agressividade, liderança, disciplina, impulsividade, responsabilidade, disposição para o trabalho, e dentro das cognitivas seriam atenção, memória, raciocínios específicos.

E vai depender muito do que cada função e cargo exige como características. Nem sempre os atributos são comuns a todos os cargos, ou ainda que sejam em níveis a serem alcançados, podem ser diferentes.

Daí, você pergunta: o que pode reprovar o candidato nesta fase? As características de controle emocional, agressividade, impulsividade, são as que se estiverem em desacordo com o esperado para exercer a função, poderá gerar um prejuízo no exercício da função no dia a dia.

A atenção é outra característica que é muito bem avaliada e requer um índice dentro do que é esperado pela banca.

Como se preparar para essa fase?

O primeiro e mais importante ponto a ser observado pelo candidato é que quando se decide por uma função, é necessário saber o que significa aquela etapa, conhecer sobre ela, entender, pelo menos em editais anteriores.

É preciso compreender se está explícito no documento quais são as funções que o cargo realiza.

Ah, só pra lembrar aqui: ninguém vai se preparar para um concurso quando um edital sai, hein? Por isso, a gente falou sobre o edital anterior.

O segundo ponto é, depois de conhecer as funções e quais as características psicológicas exigidas do candidato, entender se o concorrente do cargo se encaixa de fato naquela função, se encontrará afinidades com as atribuições que irá exercer.

Vamos supor que você identifique que, para determinado cargo que escolheu, exija um determinado nível de atenção. Pense: será que eu me enquadro, será que atendo a esse requisito? E para que tenha essa certeza, você pode passar por essa bateria de avaliação psicológica, fazer uma identificação desse perfil, buscar quais os testes que a banca pode aplicar.

Por que isso? Por que existem perfis nos quais as características do candidato podem ser melhoradas. No entanto, é importante procurar ajuda de um profissional que, de fato, entenda sobre esse assunto.

Mas, afinal, como melhorar essas características já predominantes na pessoa? Lembra que lá na etapa de prova objetiva você precisa treinar os conteúdos, e treinamento se dá pelo exercício, pela prática, de questões?

Para o teste psicotécnico também é possível fazer testes para que os índices de determinadas características sejam ajustados ou, até mesmo, melhorados.

E ainda há a possibilidade de identificar se, o candidato em questão, estará apto a ser submetido àquele teste com a possibilidade de êxito.

Mas, repitamos aqui: sempre com apoio de especialistas! Porque, dessa forma, com antecedência, o candidato vai conseguir descobrir se consegue alcançar os níveis suficientes para a aptidão na etapa.

Como podemos perceber, o TAP é uma etapa obrigatória e fundamental em um concurso público. Por isso, uma boa dica é que ele busque referências de testes anteriores, converse com pessoas que já passaram por essa situação, para tentar entender a dinâmica que é aplicada no exame.

Em suma, é muito importante, acima de tudo, que o candidato descubra se está apaixonado apenas pela remuneração ou se aquele cargo é realmente para ele, porque tem de ser algo que traga prazer, além de dinheiro. Afinal, muito provavelmente, será para a vida toda!

Post Teste Psicotécnico: como funciona? em Blog da Folha Dirigida.